Ao abrir essa Caixa de facas, penetramos em narrativas protagonizadas por mulheres vivenciando um estado de corte. O momento preciso em que ele (o corte) acontece, ou então um pré-corte, ou um pós-corte. Há um incômodo que desnaturaliza os roteiros femininos, uma pedra no sapato que já não pode ser ignorada, uma angústia ancestral. Um novo olhar então emerge, por escolha ou por simples acidente, e acontece uma ruptura, uma suspensão, uma fresta – que sangra, mas que também traz (ou quer trazer) uma certa luz, muitas vezes difícil de encarar de tão forte. Essas mulheres estão em algum estado latente de autodesmascaramento.
As facas, instrumentos afiados, estão numa caixa – fechada. Tanto tempo guardada, a caixa, mas é preciso abrir para que se respire (para que se lembre), mesmo que corte (e corta!) uns veios, uns jeitos, uns caminhos que o corpo e a alma de mulher já não querem percorrer. É preciso desengavetar e abrir a caixa de facas.
Algo se rompeu por dentro, e a mulher mesmo enlouquecida ou assustada, se depara com seus roteiros doutrinados, rotinas estafadas e amores ultrapassados. Nada do mundo externo poderá ser visto novamente da mesma maneira.
Percorre a pergunta por entre essas narrativas queabriram frestas: e agora, como estar no mundo?
E as linhas de Érica parecem responder: pelo sonho, pela memória, pela loucura, pela inventividade, pelo fantástico, pela imaginação. Pela escrita.
Clara Baccarin
FICHA TÉCNICA
Contos
Páginas: 180
Formato: 140 x 210 mm
ISSN: 978-65-86042-95-5
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R$55.00Preço
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