Caligrafia é, segundo o dicionário Oxford, “a arte ou a técnica de escrever à mão, formando letras e outros sinais gráficos elegantes e harmônicos, segundo certos padrões e modelos estilísticos ou de beleza e excelência artística”. Por isso mesmo, caligrafia é subjetiva, intransferível. Agrafologia, que estuda as formas da escrita, tem por objetivo extrair características pessoais de quem escreve à mão. Assim, diferentemente da digitação, a caligrafia revela aspectos pessoais de quem escreve.
Vamos levar isso a outro plano, o da metáfora, terra fértil da poesia. A escolha do título do livro de Alexandre Assine não foi aleatória. É nessa caligrafia metafórica que vive e se expressa um poeta pulsante, original e inteiro. Sua poesia é apenas sua, intransferível, subjetiva, sem rastros de lugar comum; a beleza e a excelência artística são o sustentáculo
dessa poesia.
Pessoalmente, fico muito feliz quando descubro um Poeta, assim, com P maiúsculo. É uma alegria ver ainda no nascedouro o sentido da estreia, em especial quando essa estreia é de um Poeta já maduro que se apresenta e se revela ao mundo.
Neste livro, merecidamente vencedor do Prêmio de Revelação Literária da uccla/cml de Lisboa, o autor traz imagens inesperadas – imagens em si, e mais inesperadas ainda quando combinadas – em estruturas surpreendentemente bem elaboradas, quase sempre interrompidas, como que chamando a pessoa que lê a preencher os espaços com pensamentos, sensações, emoções e, quiçá, com suas próprias palavras. Assim, o livro passa a convocar a coautoria de leitores e leitoras, ora pela sensibilidade, ora pela reflexão.
Assine é, portanto, um poeta necessário, presente e original. Descobrir sua poesia foi um presente que a vida me deu. Espero que muitas pessoas possam ter a mesma sensação, desfrutando de sua qualidade poética única.

Cássia Janeiro
 
FICHA TÉCNICA
Poesia
Páginas: 80
Formato: 130 x 200 mm
ISSN: 978-85-92875-8