“Zeno abriu lentamente o Livro Antigo... em alguns minutos já não se encontrava na Biblioteca: percorria uma trilha, em direção de uma clareira, na beira de um Bosque em penumbra. Só uma pequena fogueira iluminava a cena, e Nove Velhas Palavras estavam sentadas ao redor de um Prefácio...”
 
Assim começa a aventura central da história de O Médico das Palavras, de Fábio Malavoglia, a que somos conduzidos por um menino que, “nascido muito longe, num país distante”, empreende o duro aprendizado de uma outra língua. Nessa caminhada, que começa com os esforços de entender o que ele ouve ou lê, ocorre uma primeira revelação das Palavras, pelas janelas de um bonde, cria-se grande amizade entre o garoto e os livros e revistas “onde muitas palavras moram”, e dá-se enfim a inesperada descoberta de que nem todas as Palavras são amigas, pois existem as Mal Faladas, as dúbias, as venenosas, as agressivas, enfim, Palavras doentes. Zeno, já adolescente, sente-se encantado pelo poder das Palavras de levar a viagens de Poesia e Beleza, mas também intrigado pelo fato de poderem ser usadas para gerar Temor e Trevas e, por muito tempo, se pergunta “se aquilo teria cura”. Até o dia em que encontra um Livro misterioso. Penetrando em suas páginas, que formam um Bosque Perigoso, põe sua coragem à prova numa jornada em busca da Palavra Perdida, capaz de curar todas as outras. O que sucede nessa caminhada e aonde leva enfim a inquietante procura é o segredo que esse livro revelará aos que, lendo-o, seguirem pela mesma trilha d’O Médico das Palavras.