Quando o registro se torna necessário, é possível transformar o cotidiano em arte. Para tal, é indispensável ser um apaixonado pela linguagem escrita e conhecedor das palavras. Filipe Moreau, na posição de contador da vida, deixa em Pequenas Crônicas do Passado que seus registros falem por si.
Podemos facultar-lhe a posição de escritor da jornada de um homem, com sua admirável constante de verdades fundamentais. A diferença entre nós é muito menos ampla que imaginamos; nos damos conta de que dúvidas, questionamentos, amores, busca por conhecimentos históricos das nossas origens, turbulências psicológicas, humor são intrínsecos à existência. Os verbos “ir” e “ser” traduzem o mesmo sentido, como constata o escritor. Mais que um conhecedor, somente um apaixonado pelas palavras poderia transformar o exílio da escrita solitária em pátria.
Filipe deixa a sua trajetória palpável aos leitores, em forma de pequenas crônicas. Fica o alento de que em todo momento vivido, independentemente da época e sob todas as circunstâncias, descobriremos maneiras de criar a nossa própria jornada como ser humano. De modo nem tão aleatório, o autor indica o percurso de um indivíduo no caminho do pensamento.
O prodígio encontra-se na constância dos registros, guardados para futuros parâmetros de análises, ou apenas deleite – como sugiro ao leitor.
Renata Py
Pequenas crônicas do passado
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