Troia Canudos é o livro mais recente de autoria de Jorge da Cunha Lima. Trata-se de uma coletânea de poemas, plurilíngue, incluindo versos não apenas em português, mas também em espanhol, francês e inglês. A exemplo de obras anteriores deste poeta tão veterano quanto atual, nesta o leitor vai se deleitar com uma pletora de alusões literárias, novamente, não apenas a autores lusófonos — Camões, Pessoa, Florbela Espanca, Machado, Casimiro de Abreu, Euclides da Cunha, Drummond —, mas também de língua estrangeira, desde Homero, Virgílio, Dante e Shakespeare até Goethe, Rimbaud, Proust, Conrad, Lawrence, Joyce, Lorca, Kafka, Mann, Rilke e Borges.
A poesia é tão variada quanto virtuosa, em conteúdo e forma. Em se tratando de conteúdos, temos cantos homéricos, épicos, atinentes aos vaticínios e ao destino de Troia e dos troianos, bem como ao fado dos insurgentes de Canudos. Temos, também, poemas confessionais, líricos, epigramáticos, espirituosos, enunciados em primeira pessoa, relacionados aos vaticínios e ao destino do eu-lírico do poeta.
Quanto à forma, encontramos sonetos, quadras, parelhas e versos livres. Deparamo-nos com rimas de todo tipo: perfeitas, toantes, agudas, graves, externas, internas e ricas, inclusive hudibrásticas ou burlescas, como tragédia/Wikipédia; bode/Freud.
Pedra de toque e marca registrada da poesia do autor, a linguagem é invariavelmente trabalhada, como ele diz, “navegada”, a meu ver, com esmero quanto a ritmo e eufonia. As imagens e metáforas são inspiradas, garimpadas, e de expressiva originalidade. E se poetar “é descobrir / o novo, / no mar / navegado”, ler Troia Canudos é singrar um mar de comoventes surpresas, de contemporaneidade, de relevância épica e lírica.
José Roberto O’Shea
Universidade Federal de Santa Catarina
Troia Canudos
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